quinta-feira, 8 de abril de 2010

O contato com a civilização.

Olá minhas queridas poucas pessoas que leem este blog. Fico feliz em informar que hoje foi meu primeiro dia na rua desde que cheguei.
Foi estranho, primeiro tive que reconhecer o perímetro, ter certeza que todos ao meu redor eram criaturas dóceis e amigáveis, e por fim, mostrei que estava ali em sinal de paz.
Devo admitir que apenas fui nessa busca por vida porque minha prima chegou e me obrigou a sair do meu amado sofá (ela quase não me reconheceu no meio das almofadas).
Ela deveria chegar as 8 da manhã, e meu pai havia pedido a ela que me acordasse. Já estava sofrendo antecipadamente. Quando acordei as 10 e não tive sinal dela, decidi dormir. Ao acordar novamente as 2 da tarde, bateu uma preocupação. Pensei se era melhor levantar ou voltar a dormir.
Decidi levantar e ligar pro meu pai. Ele disse que o trem da Natalia havia atrasado, bom, isso eu percebi. Alguns minutos depois ela chegou. ÊÊÊÊ, VIVA!!!
Após almoçarmos e ela me contar as aventuras européias que havia tido, decidimos (ou melhor, ela decidiu e eu acatei) sair.
A cidade de Rouen está basicamente a mesma, exceto o tempo. Está bem mais quente, mas a tardinha faz um vento frio beeem chatinho. Alguns cafés que nunca tinha visto abertos estavam com diversas mesinhas para o lado de fora. Achei que eram lojas que não funcionavam nunca, mas aparentemente só não funcionam no inverno (os donos são grande ursos que hibernam... um dia terei essa vida).
Além disso a cidade está com muitas florzinhas coloridas!! Está linda!! Vou tirar uma foto e colocar aqui.
Tive uma aventura tentando copiar a chave de casa para o meu pai. Aqui é primeiro mundo, então não existem aquelas barraquinhas com trilhões de chaves penduradas com um moço dentro que copia a sua chave de má vontade. Mais tarde esta mesma chave não funcionará direito, mas após diversas tentativas, ela irá se moldar a fechadura da sua casa.
Depois desse breve momento de reflexão, retornarei. Aqui as chaves são copiadas nas sapatarias (novamente, diferente do leblon, em que o sapatero perto de casa é resumido em uma portinha com mil sapatos, em que ele não cobra nada para colar a sola do All Star).
Como eu não sabia como pedir para copiar a chave em francês, eu e minha prima mostramos a chave com cara de desespero e a moça entendeu. Fomos maravilhosamente bem sucedidas, mas estupradas: 9 euros duas chaves =O
Depois disso decidimos passar no mercado, porém ninguém avisou que existe uma porta para entrar e outra para sair. Descobrimos isso quando tentamos sair pela mesma porta que entramos, e ela simplesmente não abria. Creio que algumas pessoas riram, mas prefiro fingir que este é um erro comum.
Quando conseguimos fugir do mercado, fomos nos aventurar pelo "outro lado do rio". Acontece que Rouen é cortado pelo Sena. A parte direita (onde eu moro) é a histórica e a esquerda é a blaah sem graça. Fomos para o lado esquerdo. Quero que vocês entendam que a esquerda é blaaah porque existe uma loja, chamada Tati. Imaginem se mercadão de madureira e a rua da alfândega tivessem um filho. Este filho é a Tati. São quilos de roupas feias, cafonas e brilhantes, misturadas com coisa de casa. Quando você acha que não pode ficar pior, você sobe para o segundo andar....
Dica: quando alguém falar que foi pra França comprar vestido de noiva, não ache um máximo.
O segundo andar da Tati é noivas, noivos, damas de honra e afins.
Triste talvez seja uma palavra bem fraca para expressar. Pasma, embasbacada talvez expressem melhor. Você realmente tem vontade de chorar ao ver lantejoulas coloridas em vestidos dourados, laranjas, verdes, vinhos entre outros. Isso tudo é complementado pelos "adorávei" chapéus. Cruzes, que depressão!!!!
Sei que minha cabeça não é pequena (afinal sou membro do clã Barcellos Cabeçudos), mas não resisti e experimentei. Sem comentários sobre o móbili que eu estava usando na minha cabeça.
Ao acabar a aventura no mundo das desgraças, fomos para um shopping.
Neste shopping há um mercado imenso porém com um organização um tanto peculiar.
Ao andar pelos corredores você pode olhar para direita e ver as carnes. Olhando para esquerda, papelaria. Próximo corredor, frios e materias para higiene pessoal. Próximo corredor, meias e embutidos. E assim por diante.
Existe uma sessão com comidas do mundo: Estados Unidos, Japão, Itália e país com uma bandeira totalmente desconhecida. Bem abrangente, não?
Saindo do mercado dei de cara com a coisa mais assustadora da minha vida. Um urso.
Não, não era de verdade. Eram daqueles robos que ficam pelo shopping enfeitando, juntamente com outros bichinhos selvagens, como o unicórnio, o castor e o dragão. Super comuns. Mas lembrem-se, vocês não verão cavalos alados no Brasil, porque ai eles estão em estinção. Existem apenas no shopping mágico de Rouen.
Mas há um motivo para eu ter me assustado. Eles se mexiam!!!!! Sério, eles se movimentávam. Cada um para um lado. O urso, motivo do meu espanto, era o pior. Imaginei um urso. Agora imaginem como ele seria se fosse autista. Era mais ou menos assim. Ele ficava olhando pro teto e se mexendo de um lado pro outro... Ahn.... ESTRANHO!!!
Fui em uma loja de brinquedos bem fofinha!! Me apaixonei perdidamente por um estojo em forma de leão, mas meu pai não deixou eu comprar (sim, eu liguei pra ele para pedir, porque eu sou uma criança que gosta de estojos de bichinhos!!).
Quando chegamos em casa comi as deliciosas torradinhas que meu pai comprou e com elas o cream cheesem que infelizmente acabou (cada torrada consome um quarto do cream cheese).
Meu pai chegou enquanto comia a primeira torradinha, e já foi me acusando: quantas torradinhas você já comeu? >=D (cara de enfezadinho) Eu havia comido apenas uma, homem!! Não controle minhas torradinhas!!
Mas eu sou engenua em acreditar que ele controlava apenas meus alimentos salgados. Ele escondeu as barras de chocolate!! Que tipo de pai esconde comida dos filhos?!?!
Após essa confissão vou para cozinha atrás de alimentos da classe dos doces, porque nenhuma, eu repito NENHUMA refeição está terminada sem um docinho para fechar com chave de ouro.
Meu pai está indo dormir, então é a oportunidade perfeita!!
Amanhã estarei indo para Paris, me matricular no curso, e depois irei para Versailles. Provavelmente chegarei com muitas notícias.
Que a força esteja com vocês.

2 comentários:

  1. Cally,
    quero saber notícias de amanhã rapidamente....
    Estou ansiosa...

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  2. como era a bandeira do pais desconhecido? eu queria estar naquela seçao de comidas...

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